A história recente da medicina pode ser dividida em três períodos principais: -o da primeira e da segunda metades do século XX e dos primeiros vinte anos dos anos 2000.
O primeiro desses períodos caracterizou-se por uma prática bem generalista; os médicos- que eram poucos- gozavam da confiança das famílias e atendiam desde o parto até o adulto, muitas vezes faziam as cirurgias e ficavam à disposição sete dias por semana. Ao final dos anos 1940 surgiram as primeiras residências médicas e sociedades de especialidade. A cardiologia, especialidade destinada ao atendimento de pacientes com doenças de coração, teve seu impulso inicial com o desenvolvimento do registro elétrico do coração- o eletrocardiograma. Einthoven, médico holandês responsável por essa proeza recebeu o prêmio Nobel de Medicina em 1924. Os primeiros diagnósticos eram baseados nos raios X do tórax e no eletrocardiograma.
Com o passar dos anos essa propedêutica armada foi incrementada com o desenvolvimento do teste ergométrico e do ecocardiograma que é o ultrassom do coração. Os primeiros estudos hemodinâmicos- cateterismo cardíaco- foram realizados no final dos anos cinquenta.
A especialidade alcançou grande desenvolvimento na segunda metade do século com as inúmeras publicações científicas em especial nos Estados Unidos. A literatura médica
relacionada à pesquisa clínica contribuiu, em todas as áreas da medicina para estabelecer novos caminhos para o tratamento clínico e a abordagem multidisciplinar das diversas doenças. É também nos anos 1960/1970 que a reabilitação aparece e ganha força à medida que as intervenções demonstravam resultados e que são incorporados terapeutas das mais diversas áreas- nutricionistas, psicólogas, fisioterapeutas, assistentes sociais, que mesmo antes do seu reconhecimento como profissões, iniciaram a sua contribuição para dar sentido á terapêutica global do paciente.
E chegando ao nosso século, tivemos como destaque a tecnologia que facilitou sobremaneira o diagnóstico de precisão e a terapêutica menos invasiva. O que deve vir na próxima década é o predomínio da genética.
A Cardiologia é uma especialidade bem abrangente pois trata desde fatores de risco de
doenças do coração, como a hipertensão, as alterações lipídicas, até as doenças propriamente ditas como a doença coronária, as doenças valvares, cardiopatia congênitas, e a insuficiência cardíaca.
As doenças cardiovasculares de origem congênita podem manifestar-se desde os primeiros dias de vida e as doenças adquiridas aparecem ao longo da vida, quer em decorrência de hábitos de vida poucos saudáveis, envelhecimento ou alguma infecção causada por vírus, bactérias ou fungos. De forma emergente nas últimas décadas temos nos deparado com as doenças elétricas do coração cuja primeira manifestação pode ser uma arritmia fatal.
É recomendado o acompanhamento de um cardiologista mesmo no indivíduo assintomático, em especial em homens acima dos 45 anos e mulheres acima dos 55 anos, principalmente quando houver fatores de risco concomitantes como dislipidemia, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo.
Sintomas como dor no peito, suor desproporcionado, tontura, palidez ou sensação de fadiga, constituem-se em sinais de alerta de doença cardíaca avançada.
Vale também lembrar que as questões ambientais podem agravar problemas cardíacos, bem como a ansiedade, o estresse, o sono de baixa qualidade e o consumo elevado de álcool.
Como recomendação final fica o alerta da organização mundial de saúde de que as situações mais corriqueiras do nosso quotidiano como o sono, as horas de hábito sedentário, a alimentação, o hábito alcoólico e os exames de rotina merecem atenção especial, pois mais cedo ou mais tarde pode chegar a cobrança do nosso descaso.
Dr. Enéas Antonio Rocco - Cardiologista
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